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Aconselhar, Transmitir, CONTAGIAR!

Aconselhar: vt. dar conselho, sugerir, recomendar. (dicio.com.br)

Transmissão: passagem de um lugar para outro, trajeto.
Transmitir: passar a outrem, destinar para, enviar, comunicar por contágio. (Houaiss , 2001, p. 2752)

 
 
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O mote da SMAM 2013 está centrado no ACONSELHAMENTO, ou seja desenvolver em cada conselheiro, seja ele um familiar, profissional de saúde, consultor de lactação, líder comunitário, amigas que também são mães a prática de aconselhar, de oferecer a mulher subsídios para construir singularmente a sua história de ALEITAMENTO, sem pré-conceitos, teorias engessadas em práticas mal conduzidas, sem excessos. Ouvindo, acolhendo, respeitando, oferecendo informções de qualidade.

Com muita comunicação não verbal útil, mantendo  a cabeça no mesmo nível, removendo as barreiras, sentendo próximo a ela, oferecendo seu contato visual, observando as expressões e os movimentos de tensão, se aproximando, oferecendo acolhimento. Fazendo perguntas abertas para que a mulher organize o seu momento verbalmente e psiquicamente, demonstrando interesse pelo que ela sente e diz,  acompanhando sem julgar o caminho que ela deseja percorrer para dar conta daquela dificuldade.

CUIDADO com as expressões faciais, elas podem atrapalhar o processo.

Reconheça e elogie o que ela está fazendo certo, esse ato aumenta a autoconfiança, encoraja a continuar a prática correta e abre espaço para sugestões futuras.

De uma ajuda prática, pegue um copo de água, ofereça lenços para secar as lágrimas, ofereça instruções a ajudante do lar, esclareça para a família como ajudá-la sem interferir no processo do aleitamento, esteja disponível para um telefonema a qualquer hora.

A ajuda prática mostra que o consultor está pronto para ajudá-la e apoiá-la.

Dê poucas e relevantes informações, a mãe não precisa saber toda a teoria, ela precisa entender como resolver o problema que está passando. É importante dar informações para desconstruir idéias erradas. As informações devem ser oferecidas de uma forma positiva, para que não soem como críticas. Use linguagem simples, as figuras de linguagem são ótimas para dar exemplo, termos técnicos muitas vezes às mães não entendem.

Dê uma ou duas sugestões no máximo, não ordene, mandar a mãe fazer alguma coisa, pode atrapalhar a autoconfiança. Sugerindo ela pode decidir o que vai fazer e se deseja realizar sua sugestão, isso a deixa no controle da situação, sentindo-se mais segura para discutir o que é mais adequado para ela.

SINAL ACOLHIMENTO

Toda vez que estiver aconselhando ELOGIE o que a mãe está fazendo de certo, oferecendo INFORMAÇÕES relevantes e SUGERINDO aquilo que for apropriado.

O objetivo é aprender a ACONSELHAR para não atrapalhar o processo de cada dupla mãe/bebê!

VAMOS TRABALHAR GALERA!

Por: Fabiola Costa

Fonte: Curso aconselhamento MS.

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Princípios do Aconselhamento Aplicados ao Assistir em Amamentação na Perspectiva dos Profissionais de Saúde – por Eloísa Zen

“O objeto central deste estudo são as oportunidades que o Curso de Aconselhamento em Amamentação, desenvolvido no Brasil pelo Ministério da Saúde, proporciona a seus egressos no assistir a mulher em processo de amamentação.

A análise e a interpretação de todos os dados permitiu identificar, nas entrevistas iniciais, que a maioria dos profissionais operava com um modelo assistencial fundamentado em princípios higienistas. Apenas um pequeno grupo se mostrou previamente atento às questões singulares e subjetivas da mulher em decorrência de vivências pessoais e profissionais e/ou de uma maior sensibilização quanto a estes aspectos no processo de amamentação. Após o Curso, a análise do conteúdo das falas permitiu identificar que, a maioria dos que apresentaram acentuada contundência em relação aos referenciais do modelo higienista, revelou um sensível despertar para as questões da mulher e todo o seu entorno social. A mudança de postura, de verticalizada e impositiva, para uma atitude mais atenta em relação à oportunidade de expressão da mulher, em suas questões singulares e subjetivas, foi identificada nesta visível sensibilização. Segundo esta perspectiva, torna-se razoável inferir que o Curso, apesar de não apresentar transformações concretas, cria no profissional a oportunidade reflexiva de uma nova forma de pensar sobre sua postura no assistir à mulher que amamenta que, ao ser ouvida, pode ser compreendida.”

Belíssimo trabalho da psicóloga Eloísa Zen, vale muito a pena ler!

Baixe aqui:eloisazen

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Sobre a “confusão de bicos” – Por Dr. Carlos Gonzáles

“Todo mundo sabe que quando os bebês se acostumam à mamadeira podem acabar deixando o peito. Muitas mães dizem: enjoou o peito. A explicação mais popular é que como a mamadeira é mais fácil, se tornam preguiçosos e não querem se esforçar com o peito.

Mas isso não é certo. A mamadeira não é mais fácil. Vários estudos, tanto em bebês prematuros como em bebês com graves deformações cardíacas, demostram que a frequência cardíaca e respiratória e o nível de oxigênio no sangue se mantem mais estáveis quando mamam no peito que quando tomam uma mamadeira. Os bebês nascem para mamar, seus músculos e reflexos estão especialmente desenhados para isso, enquanto que tomar uma mamadeira requer uma aprendizagem específica.

O problema não é que seja mais fácil ou mais difícil, se não que é diferente. O leite que há de ordenhar do peito, exceto as poucas gotas que saem só, e para isso a língua tem que empurrar ritmicamente até atrás. Além de ordenhar o leite, este movimento tende a introduzir o peito cada vez mais na boca, o que a sua vez permite ao bebê mamar melhor. Da mamadeira, ao contrário, o leite sai só, o bebê deve conseguir impedir que saia para poder engolir o que já tem na boca. Com a mamadeira, a língua se move ritmicamente até a frente. Este movimento tende a sacar a mamadeira fora da boca. Para impedir isso, todos os bicos artificiais do mundo se alargam na ponta, formando uma espécie de bola (para impedir que aqueles saiam da boca). Detrás dessa bola, o bico fica estreito, para que o bebê possa tomar a mamadeira com a boca quase fechada, se abrisse tanto a boca como para tomar o peito, de nada lhe serviria a bola, e a mamadeira se escaparia de uma forma ou de outra.

Alguns bebês maiores alternam sem nenhum problema peito e mamadeira (ou chupeta), fazem cada vez os movimentos precisos com a língua e com os lábios. Mas nas primeiras semanas são muitos os que se confundem, se tomam bem um e não aprendem com o outro. Durantes os primeiros dias, muitas mães dizem: todo o tempo está pedindo peito, mas não existe forma de que pegue a chupeta. (todo o tempo significa aqui antes de três horas) e muitas outras exclamam: não quer mamar e não entendo o que passa, porque todo o tempo está chupando a chupeta (e claro, a típica explicação: não quer o peito porque não sai nada, não é válida; nunca saiu nada de uma chupeta, e bem que a chupam).

A primeira vez que lhe dão uma mamadeira ao um recém-nascido (por exemplo, quando em meio de uma noite alguém decide lhe dar uma mamadeira para que não despertar a mãe), muitas vezes, o bebê não a quer. Aparte de que o leite sai raro e o bico também, e está duro e tem uma forma estranha, quando tentar mamar como se fosse o peito, o leite sai a tal velocidade que se engasga. O bebê expulsa o bico, cuspindo e chorando. Mas a enfermeira continua insistindo. A enfermeira carinhosa fala: “não é nada, esta menina tão esperta vai tomar o seu leitinho”, a enfermeira mal humorada fala: “visto que está bem de fazer palhaçada”, mas as duas insistem. Depois de uns segundos de angústia a bebê descobre que fazendo assim ou assado com a língua não se engasga. “Muito bem, vê que fácil? Fala uma enfermeira, “vê como era historia?” ,fala a outra.

Horas mais tarde, quando levam o recém-nascido com a sua mãe, penso o que mais tarde dirá cem vezes: “olha, mamãe, olha que sei fazer! Tenta fazer com o peito o que acaba de aprender com a mamadeira, empurrando com a língua. Surpresa e consternação, o peite sai da sua boca. Porque os peito não tem bola, todos os peitos do mundo acabam em ponta.

“ Me repeli o peito, chorando”, fala a atribulada mãe. Exausta depois do parto, em pleno furacão hormonal, presa da tristeza pós-parto (mais leve, mas muito mais frequente que a depressão), a mãe em realidade está dizendo: “me repeli o peito. Chorando”. Se sente rejeitada pelo próprio filho. É possível cair mais abaixo? “Não se preocupe” já se ajeitará, fala a enfermeira carinhosa. “Claro, porque você não tem leite”, fala a enfermeira mal humorada. Levam o bebê e lhe dão uma outra mamadeira. É o princípio do fim.

Alguns médicos insistem em que a confusão de bicos não existe, e em que dar uma ou várias mamadeiras ao recém-nascido não prejudica para nada a lactância materna. O certo é que não existem provas experimentais, porque para isso havia que dar-lhes mamadeiras a propósito a um grupo de bebês, escolhidos ao azar, para ver o que passa. Os que acreditam que isso não é mal, não se dão ao trabalho de fazer o estudo, os que acreditam que sim, que é mal, pensou que não seria ético fazer um estudo assim.

“Que mais dá que exista ou não exista?” Pensará o leitor, ante a dúvida, melhor não dar-lhe mamadeira e pronto. Pois parece que alguns dos que não acreditam na confusão recomendam dar-lhes a todos os bebês de peito uma mamadeira a cada semana, como mínimo, para que se acostumem. Porque se não, quando a mãe volte a trabalhar, ou qualquer outro motivo tenha que sair de casa, o bebê rechaçará a mamadeira. Vamos, que reconhecem que a confusão funciona ao menos em um sentido, e que o bebê que se acostuma ao peito logo rejeita a mamadeira.

Carlos González (2009). Comer, Amar, Amar. Madrid: Temasdehoy, p.288-291