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Influência do tipo de parto sobre a concentração de imunoglobulinas A, G e M no colostro materno.

Resumo
Objetivo: Verificar a influência do tipo de parto sobre a concentração das imunoglobulinas (Ig) A, G e M no colostro materno.
Métodos: Foram selecionadas 82 puérperas com idade cronológica entre 21 e 41 anos, idade gestacional de 37 ou mais semanas, paridade até IV gesta, bom estado nutricional e sem patologias associadas durante a gestação e o puerpério. Foram também critérios de inclusão para os recém-nascidos: peso > 2.500 g, escore de Apgar > 7 no primeiro minuto e aleitamento materno exclusivo durante o período da internação. As puérperas foram divididas em três grupos: A – parto vaginal; B – cesárea precedida de trabalho de parto; e C – cesárea eletiva. O colostro foi colhido manualmente entre 48 e 72 horas pósparto. IgA, IgG e IgM foram dosadas pela técnica de ELISA.
Resultados: Não se observou diferença significativa entre os tempos de coleta do colostro nos três grupos maternos estudados.
Quanto menor o tempo de coleta, maior foi a concentração de IgA no colostro materno; quanto menor a paridade, maior foi a concentração de IgA e IgM no colostro materno. O grupo de puérperas submetidas a cesárea precedida de trabalho de parto apresentou concentração mais elevada de IgA no colostro do que o grupo de puérperas que havia dado à luz por parto normal. A concentração de IgM e IgG no colostro materno não foi influenciada pelo tipo de parto.
Conclusão: A ocorrência do trabalho de parto, somada ao estresse cirúrgico, induz a uma concentração mais elevada de IgA no colostro materno na puérpera submetida a cesárea precedida de trabalho de parto.

Fonte: J Pediatr (Rio J). 2004;80(2):123-8: Parto, imunoglobulina A, imunoglobulina G, imunoglobulina M, colostro.

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Um desabafo, na tentativa de repudiar a hipocrisia!

Quero, antes de tudo, manifestar meu apoio ao colega Marcos Augusto Bastos Dias, e repudiar a hipocrisia, não apenas do CRM-RJ, mas de todos os CRM’s Brasil afora. Nessa disputa envolvendo assistência ao trabalho de parto e nascimento, não existe nenhuma pureza dentro dos conselhos. Os augustos, quase divinos conselheiros – encastelados em sua ética parcial – não estão assim tão interessados nos sujeitos principais do parto: a mulher, o bebê, a família. Estão ali para proteger o poder e os privilégios da categoria que representam – importantíssima, sim, mas nem por isso proprietária da fisiologia humana. Fazem uma balbúrdia quando se trata de compartilhar a assistência com outra categoria – obstetrizes e enfermeiros obstetras – e outros modelos de assistência – ainda que comprovadamente eficazes e seguros em vários outros países do mundo. Mas se calam, ou se acomodam em inúmeras outras situações, flagrantemente ilegais, absurdamente antiéticas, ou explicitamente desumanas…

1) Um médico, obstetra, professor-doutor, tutor de residência (talvez conselheiro em seu estado) que chega no plantão da maternidade, onde mulheres foram ganhar seus bebês, e assim se pronuncia: “Como está o nosso Vietnã? Nossa Faixa de Gaza!!” Porque ele vai para o plantão como quem vai para uma guerra; as parturientes e seus familiares são o inimigo a ser vencido; ele está ali para matar ou morrer; para arrancar sangue; para dominar, para impor seu ponto de vista. Sua postura e suas condutas frente às mulheres, no decorrer do dia, são um desdobramento de seu “carinhoso” bom dia. Nossas maternidades estão abarrotadas de profissionais desse tipo, que vão trabalhar sem gostar do que fazem, e que descontam suas raivas nas mulheres que vão lá parir. O que os CRM’s fizeram daquele estudo que mostra que cerca de 25% das mulheres são violentadas dentro das maternidades, na hora do parto? O que tem feito nossos CRM’s, tão “preocupados” com a ética, contra médicos obstetras, anestesistas, pediatras (não todos, claro, mas muitos, muitos!!), que sistematicamente agridem mulheres nas mesas de cirurgia – principalmente quando são negras, obesas e pobres? Tem levantado a voz, pelo menos? Alguém foi punido, por isso? Ou isso é tão inerente à prática, que não vale a pena discutir?

2) E as cesarianas eletivas com 37 e 38 semanas, nas melhores maternidades do país – naquelas com imensos saguões de granito e manobrista? O que tem sido feito com esses profissionais, geralmente gente muito fina! Profissionais muito conceituados em suas cidades e seus estados! o que tem sido feito com os profissionais que indicam e executam essas cesarianas? não sei de onde sai tanta indicação: o líquido secou, o nenê não estava respirando, o cordão estava enrolado no pescoço, o nenê era muito grande, HbsAg +, estreptococo B positivo (essa é de rir – ou chorar!). Porque a mentira foi normalizada em nossos pré-natais. A mentira e a arte de aterrorizar. Há uns meses, minha irmã me ligou de Maceió, onde mora, desesperada. Estava com 39 semanas de gestação, já tivera um parto normal anterior e aguardava tranquilamente o trabalho de parto. Mas “inventou” de fazer um ultra-som; a ultrassonografista falou que tinha que ser cesariana porque o cordão estava enrolado no pescoço. Falei para ela que ficasse tranquila; quatro dias depois nasceu o bebê, com uma circular de cordão, em perfeitas condições. Quantas outras mulheres não tiveram a sorte de ter quem as tranquilizasse? e quantas outras “excelentes” ultrassonografistas, pelo Brasil afora, não fazem outras tantas brilhantes indicações como esta? Isso não configura um quadro de imperícia? Isso não é antiético? O que os CRM’s tem feito nestas situações? Alguém foi chamado, pelo menos para uma advertência? E quando algum desses bebês afoitamente retirado com 37 semanas (porque o fim de semana, ou o feriado prolongado estava próximo, ou porque havia um risco iminente de nascimento por parto normal), por “azar”, teve uma membrana hialina, ou uma taquipnéia mais severa, e teve que ir para uma UTI neonatal, e teve que ficar entubado lá, um ou dois dias, alguém questionou a conduta desse profissional de condutas tão ilibadas? Será que os diretores clínicos das nossas maternidades privadas investigam esses casos? No final, mãe e bebê e família retornam muito felizes para suas casas… Intercorrências benignas, não é!Ainda agradecem o profissional, que “salvou” o bebê. É verdade que, às vezes não dá prá salvar… Os CRM investigam isso? Ou isso também é intercorrência benigna?

3) Existe maternidade pública no Brasil, onde o médico plantonista não avalia puérpera na enfermaria, porque na enfermaria não tem ar condicionado – ninguém merece aquele calor, né gente!. Levem os prontuários para eles, no conforto médico, onde o ar condicionado mantém uma temperatura civilizada – 18-20 graus, né gente! Por outro lado, ar condicionado de bloco cirúrgico-obstétrico tem que ser 16 graus, né gente! Para vestir capote cirúrgico, tem que abaixar a temperatura. “Senão, não dá para trabalhar!” A paciente (mãezinha, ou filhinha), de camisola, ou despida, que se vire! Ninguém pergunta se a temperatura está adequada para ela. Alguém se preocupa com isso? Ah! sim, claro, o pediatra, quando que o bebê nasce…

4) E as cesarianas para ligadura!! A lei do planejamento familiar já está bem velhinha! Mas até hoje tem mulher com dois ou três partos normais que entra na maternidade às 9:00 e às 10:30 é levada para o bloco cirúrgico para uma cesariana de urgência por sofrimento fetal agudo (com BCF de 140), ou distócia (distócia? teve tempo de ter distócia?), e na cesariana “ganha” a ligadura… Ou entra na maternidade com diagnóstico de pré-eclâmpsia (com PA de 150/100) e é encaminhada direto para o bloco, para cesariana de urgência + ligadura. Curiosamente, todas as outras medidas de PA situam-se em torno de 100/70; mais curioso ainda, a única medida anormal foi a medida da admissão, tomada pelo médico; curiosíssimo: talvez ele nem tenham colocado o esfigmomanômetro no braço da gestante… Como é mesmo o nome disso? Não entendo muito de lei! Falsidade ideológica? Será que cabe aqui? A Lei de Planejamento Familiar estabelece algumas penas… Tem algum CRM no Brasil preocupado com essa prática? Comuníssima ainda nos grotões… Claro, ainda tem o cachê do médico: mil reais prá fazer a ligadura…

5) E os “esquemas” de plantão? Tem três pediatras de plantão. Na prática, só tem um, porque eles rodam. “Tem que contratar mais pediatra” fala uma pediatra absolutamente sobrecarregada, “porque não estou dando conta do serviço!”. Os outros dois estão nos seus consultórios… “Não dá para fazer analgesia peridural nas pacientes em trabalho de parto, porque não tem gente suficiente” fala o anestesista de plantão. O outro anestesista, também de plantão, não está… (onde está?). E assim, por diante… Cadê os CRMs?? Cadê os nobres conselheiros?

6) “Período de dilatação, prá mim, dura 6 horas; período expulsivo, 30 minutos. Mais que isso, é cesariana” Ou Kristeller. Porque, depois que vai para a litotomia, tem que nascer em 15 minutos.

“Isso! Cuidado mãe! (ela subindo na litotomia) Vamo buta o pezinho aqui mãe, pro menino nascer rápido! Força para o menino sair taqui. Mãe, presta atenção, tá fazendo errado. Peraí!! Puxa isso aqui. Vamo butá o campo. Vai nascer! Agora mãe, quando vier a dor, é prá você ajudá. Puxa, tá certo, na hora da dor. Puxa.! Tá descendo? Força, confiança. Fecha a boca. Vai mãe vamo, vamo vai vai vai mãezinha, vai, vai. Ela tá muito desesperada (não aguento) Oh m~e, presta atenção. Vc tá com desespero, mas sem necessidade (mas dói demais) (eu tô tentando). Aquela hora achei que ia nascer lá (gemidos). Bota o pezinho, isso. Ajuda mãe! Ajuda aí. Vai força, vai força, puxa o ferro. Vai mãe, vai mãe, espreme, tá vindo, tá nascendo. Vá mãe, vá, VAI. Força!!! (oh gente!) (tá dando agonia) Presta atenção, mãe, presta atenção, vamo lá (Oh meu deus) Desça o bumbum, desça, desça mais. Vá mãezinha, isso! Muito bem (Ah meu deus). Desce na contração, sobe. (Oh gente!) (OH senhor) Tá chegando, vamo mãe, bota o pezinho prá cima e puxa o ferro, vamo vai va va va maezinha, empurra o pé. Vá mãe vá. É que as contrações dela são poucas. (doi demais gente) Força, vá, força, va (grito). (gente!) respira, puxa o ar pelo nariz (não aguento mais não). (meu pai!) (não não) Empurra, vá vai nascer. Vamos vamos (grito) Você tá segurando. Não mae tenha calma, deixa descer mais. Força Raimunda, vá. Vamos raimunda. Não devagar, de uma vez só. Sobe ela. Tô dexando rodar. Nasceu pronto. Respire mamãe. Nasceu! pronto”

Essa gritaria toda durou quinze minutos. De fato nasceu. Tinha que nascer em 15 minutos? O BCF estava ótimo e a parturiente tinha dois partos normais prévios. Essa é a assistência padrão de período expulsivo no país inteiro.

E o que os CRM’s fazem, então com esse bullying sistemático nos períodos expulsivos das mulheres brasileiras (na hora de fazer você não gritou assim), com essa gritaria (parece que estamos tocando vaca!), com esse estímulo irracional ao puxo dirigido (Será que ninguém nunca viu o que o Caldeiro-Barcia já havia mostrado em 1979?), com essas multidões penduradas nos períneos das mulheres (Força, mãezinha!)? Claro que os CRM’s não fazem nada…
A fazer algo, teriam que reconhecer que MÉDICO(a) OBSTETRA NÃO SABE ASSISTIR UM PARTO NORMAL EUTÓCICO. Mas isso é demais… Porque na sequencia teriam que reconhecer que outros profissionais – não médicos, e uns poucos médicos – sabem o que eles não sabem; e que tem muito a aprender com esses outros. E que talvez as CASAS DE PARTO possam ser locais mais adequados para o nascimento, e que a obstetriz e o enfermeiro obstetra, são tão capazes quanto eles na assistência ao parto. E isso eles não parecem dispostos a fazer.

Isso é um desbafo, absolutamente pessoal…

Edson Borges de Souza
Médico Obstetra – Belo Horizonte

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MamaMia indica.

“O parto pode ser sim um momento poderoso de transformação, alegria e prazer. Espero que esse livro inspire muitas mulheres.”
Gisele Bündchen

Este livro reúne histórias de mulheres para mulheres. Revela a trajetória percorrida por nove mães – entre elas a autora – para conquistar o parto desejado. Seus medos, fraquezas e dificuldades estão aqui expostos da mesma forma simples e sincera com que suas alegrias e vitórias são compartilhadas. O instante do nascimento, as horas que o antecederam e os primeiros momentos de vida do bebê são eternizados em fotos que transbordam emoção.

Autores:

  1. Luciana Benatti é jornalista em São Paulo, colabora regularmente para publicações da grande imprensa. Casada, tem dois filhos: Arthur e Pedro, nascidos de parto natural. Parto com amor, seu primeiro livro, surgiu do desejo de compartilhar suas descobertas e mostrar que um parto consciente, prazeroso e transformador é algo possível.
  2. Marcelo Min é fotógrafo em São Paulo, e colabora regularmente para publicações da grande imprensa. Casado, tem dois filhos: Arthur e Pedro, nascidos de parto natural. Parto com amor, seu primeiro livro com sua esposa, Luciana Benatti, surgiu do desejo de compartilhar suas descobertas e mostrar que um parto consciente, prazeroso e transformador é algo possível.

leia trechos do livro: parto com amor

Para comprar o livro: panda books

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Pesquisa mostra que marcar o parto aumenta os riscos para a mãe.

Nos EUA, prática aumentou o número de partos cesarianos. Pacientes perdem mais sangue e passam mais tempo no hospital.

Cientistas da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, divulgaram uma pesquisa dizendo que marcar data para o parto pode ter consequências negativas para as mães. Os números publicados pelo “Journal of Reproductive Medicine” mostram que elas perdem mais sangue e passam mais tempo no hospital que nos partos naturais.

“Os benefícios de um procedimento cirúrgico devem sempre superar os riscos”

Christopher Glantz, autor da pesquisa

O estudo acompanhou 485 mães que deram a luz do primeiro filho no centro médico da Universidade de Rochester em 2007. Por isto, os dados dizem respeito apenas ao primeiro parto de uma mulher e não devem ser levados em consideração caso a mãe já tenha filhos. Contudo, é uma análise confiável, já que os pesquisadores analisaram também as fichas médicas ao elaborar as estatísticas.

Aproximadamente 34% das mulheres que optaram pela indução tiveram parto cesariano. Dentre as que tiveram um trabalho natural de parto, apenas 20% precisaram dessa cirurgia. Os pesquisadores ressaltam que, embora seja muitas vezes vista como uma cirurgia simples, a cesárea aumenta os riscos de infecções e complicações respiratórias, além do tempo de recuperação.

“Os benefícios de um procedimento cirúrgico devem sempre superar os riscos. Se não há benefícios médicos para induzir o trabalho de parto, é difícil justificar a escolha por fazê-lo, uma vez que sabemos que aumenta os riscos para a mãe e o bebê”, afirmou Christopher Glantz, autor da pesquisa.

Dentre os motivos pelos quais o parto induzido tem ganhado adeptos, os cientistas listaram a conveniência de marcar o horário e a certeza de dar a luz com o médico que acompanhou a gestação.

“Como trabalhadora e mãe, sei o quanto pode ser tentador marcar um parto para pôr a vida em ordem, mas há motivo para os bebês ficarem no útero todo o tempo necessário”, disse Loralei Thornburg, professora da mesma universidade, especializada em medicina maternal e fetal.

Fonte: G1

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Por um novo modo de nascer no Brasil.

Por:  Sônia Lansky

imagem: google images

 

Há algumas décadas enfrentamos no Brasil um paradoxo no nascimento. A intensa medicalização influenciou de forma determinante o modo de nascer, reduzindo este grande  acontecimento fisiológico e natural da vida familiar e social a uma intervenção médica- cirúrgica.  Ao mesmo tempo, os índices de mortalidade materna e infantil persistem muito altos e incompatíveis com o nível de desenvolvimento do país, e as causas de morte são em grande parte evitáveis por ação dos serviços de saúde. É preciso mudar o modelo de atenção ao nascimento no Brasil para a solução deste grave problema de saúde pública. É preciso alcançar os níveis os patamares desejáveis na mortalidade materna e infantil, e melhorar a satisfação da mulher e da família no momento do nascimento de seus filhos. O foco deve ser o parto respeitoso e digno, apoiado na rede de atenção articulada que garanta acesso oportuno à atenção qualificada desde o pré-natal até o parto. Que garanta o protagonismo e os direitos da mulher e da criança neste momento ímpar de celebração da vida e do afeto, de forma a promover sua saúde e as relações humanas e da sociedade.

 

O paradoxo perinatal brasileiro se exprime de forma peculiar nos diferentes modos de nascer na nossa sociedade, refletindo a desigualdade social brasileira. Em linhas gerais há dois cenários predominantes. De um lado o chamado “parto normal” desvirtuado, o parto traumatizante, fruto do excesso de intervenções médicas e das imposições da conveniência dos profissionais e dos serviços de saúde, que se sobrepõem aos desejos da mulher e ofuscam a sua participação e a da família no processo. Neste cenário, muito propagado pela mídia, a mulher sofre e grita de pavor durante o nascimento de seu filho. Está sozinha em um espaço exíguo, impessoal e frio, sem privacidade, com freqüência um dos piores locais da  maternidade, o chamado “pré-parto”. Este funciona como uma etapa da linha de produção dos hospitais, que operam com regras rígidas para atender à racionalização do trabalho, privilegiando o interesse da instituição e dos profissionais sobre o da mulher. Neste modelo tradicional, com o intuito de acelerar o processo do parto, a mulher sofre inúmeras intervenções sem indicação técnica ou respaldo científico, que interferem no processo fisiológico e natural do trabalho de parto.  Intervenções que podem provocar e aumentar a intensidade das contrações uterinas e, por consequência, a dor, o stress e até mesmo as complicações no parto, muitas vezes contrariando o pressuposto da ética médica de “primeiro não causar dano”. Exemplos clássicos são o uso indiscriminado da ocitocina (medicamento que aumenta as contrações), o jejum e a imobilização no leito durante o trabalho de parto.
Neste cenário, práticas baseadas em evidências científicas que propiciam o conforto da mulher, auxiliam na diminuição do stress e aumentam a liberação da ocitocina endógena que ajuda na evolução do parto, não são incorporadas: a livre movimentação, a escolha da posição de maior conforto durante o trabalho de parto e no parto, o apoio emocional por acompanhante de livre escolha e por doulas, entre outros.

 

Assim, frustra-se a expectativa da mulher de aconchego e conforto na hora do parto, de cuidado particularizado e pessoal, prestado por pessoas de confiança, seus laços afetivos – que representam inclusive a rede de proteção social da mulher e da criança após o parto – em um momento de extrema importância na sua vida. Especialmente por que não se trata, na sua essência, de uma situação de doença que demanda intervenção médica, mas sim um momento marcante da fisiologia da vida, que pode transcorrer da forma mais natural possível na maioria das vezes. Precisamente, a definição de parto normal da Organização Mundial da Saúde é o “parto que transcorre naturalmente, em que qualquer intervenção deve ter uma justificativa técnica válida e respaldada cientificamente…”.

Leia o texto na integra: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=35995

Sônia Lansky é pediatra, doutora em saúde pública (UFMG) e supervisora do Plano de Qualificação das Maternidades e Redes Perinatais da Amazônia Legal e Nordeste