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Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos.

O Guia Alimentar , para crianças menores de 2 anos, é uma publicação do Ministério da Saúde e tem o objetivo de capacitar profissionais que atuam no campo da alimentação infantil. O conteúdo da Publicação é abrangente. Parte da compilação das evidências científicas mais atualizadas sobre o tema, passando pelos Dez Passos da Alimentação Saudável para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos e termina tratando da Pirâmide Alimentar.

Baixe o guia completo: Guia Alimentar Ministério da Saúde

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Amamentar uma forma de fazer amor.

Como estamos  as voltas com a questão do amor e da amamentação, resolví contribuir com essa passagem muito importante do livro A Maternidade de Laura Gutman.  Esse não é o título original do texto, mas resolví nomeá-lo assim pois achei que este título mais adequado ao texto. Título original é: Amamentar uma forma de amar.

Todas as mães, absolutamente todas podem amamentar seus filhos. Em vez de falar de técnicas, horários, posições e mamilos, vamos falar de amor.

Amamentar nosso filho será simples se nos dermos conta de que é semelhante a fazer amor: no princípio precisamos nos conhecer. E isso se consegue melhor estando sozinhos, sem pressa.

Quando fazemos amor com o homem que amamos, não nos importamos com o tempo, nem se coito dura mais ou menos de 15 minutos, se ficamos mais de um lado da cama ou no outro, se estamos por cima ou por baixo. Não mos importa se amamos várias vezes em uma hora ou se dormimos esgotados e abraçados um dia inteiro. Não há objetivos, salvo o de nos amarmos.

Quando o bebê nasce, o reflexo de sucção é muito intenso. Como as palavras indicam, ele age sob o reflexo de procurar, encontrar e procurar o seio materno. Para isso, só é preciso que o bebê fique perto do peito. Muito tempo. Todo tempo. Porque o estímulo é o corpo da mãe, o cheiro, o tom, o ritmo cardíaco, o calor, a voz, enfim, tudo o que ele conhece.

Como nas relações amorosas – trata-se disso -, precisamos de tempo e privacidade. As mulheres precisam entrar em comunicação com o homem para aceitar o ato sexual. Não há diferença no ato de amamentar. O bebê precisa estar informado para sentir o contato e poder sugar, e as mulheres, para produzir leite e gerar amor. Simples assim.

Se recordarmos que o leite materno não é apenas alimento, mas sobretudo amor, comunicação, apoio, presença, abrigo, calor, palavra, sentido, acharemos absurdo negar peito porque “não precisa”, “já comeu” ou “é manha”. Então, é manha quando precisamos de um abraço prolongado do homem que amamos?

Só o distanciamento de nossa essência nos leva a pensamentos tão violentos em relação a nós mesmas e nossos bebês.

Texto: Livro A maternidade  e o encontro com a própria sombra – pág. 63-64.

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Vamos refletir?

 

Por mais que se façam campanhas incentivando o aleitamento materno, algumas questões que dificultam o sucesso nessa empreitada devem ser discutidas para que possamos entender porque ainda hoje tantos fracassos rondam a amamentação. Qualquer mãe falará, sem sombra de dúvida, sobre a importância desse tema. Não há quem questione a obviedade da preferência pela forma natural de alimentação do bebê até, pelo menos, seis meses de idade. Também sabemos que as maternidades estão muito voltadas para o apoio à parturiente e costumam ser enfáticos no apoio neste momento. Por que ainda vemos tantos problemas com a amamentação: Podemos elencar alguns empecilhos e soluções.

Insistir com a gestante que a amamentação é um ato amoroso de extrema importância é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, incentiva e valoriza os atributos da mãe, por outro, cria uma pressão na forma de expectativa, dando a entender que a mãe que não conseguiu amamentar teve dificuldades em amar seu bebê, sendo uma mãe “menos generosa”, menos mãe etc. Este tipo de enfoque também parte do pressuposto de que a amamentação não requer aprendizado e que basta querê-lo. Assim, a mãe que não supera as dificuldades deste tipo de alimentação, “não quis o bastante”. Pressupõe, esta abordagem puramente romântica, que não há o que ensinar, é tudo natural.

Primeiro, precisamos pensar que o homem sempre viveu em comunidade, desde os tempos primitivos e que a tradição oral dava conta de transmitir o aprendizado de geração em geração sendo a cultura inteiramente interativa, ou seja, mães e bebês não estavam isolados e uma mulher muito antes de dar à luz conhecia todo o desenrolar da procriação, pois participava do parto e puerpério das outras mães da comunidade. Havia uma tecnologia sim, da amamentação, e ela era passada entre as mulheres no convívio social. Hoje em dia, nem os cuidados básicos consigo mesmo são transmitidos dentro da família que, por si só, é isolada dos demais. Quantas pessoas (para não dizer mulheres) aprenderam a cozinhar com seus pais? A transmissão do conhecimento costuma ser acadêmica e o espaço de troca desapareceu. Cada casal tem o seu bebê sem contar com a ajuda da comunidade: temos babás, enfermeiras, psicólogas, médicas etc. Não é incomum que o primeiro bebê a ser cuidado por um casal seja o seu próprio. Muitos homens carregaram pela primeira vez um bebê quando nasceu o seu! Incentivar a amamentação sem ensinar “macetes” é uma forma de abandono à própria sorte e pode gerar ansiedade, o que, por sua vez, tende a atrapalhar o processo. Amamentação deve ser ensinada e facilitada.

Outra questão refere-se à transição entre a gestação e o puerpério. O primeiro modelo de cuidado que a mãe tem é gestacional, quer dizer, para a parturiente nada do que ela fizer se compara à plenitude da gravidez. Isso tem dois aspectos: num ela não se dá conta de que foi capaz de gerar outro ser humano com seus próprios recursos corporais e, portanto, não atribui a si a potência suficiente para cuidar do bebê fora da barriga. Num caso extremo, a mãe se vê impotente diante da tarefa, pois está alienada do seu papel fundamental até então.

Noutro lado, ela pode reconhecer a magnitude de seu desempenho e tem como modelo nada menos do que a satisfação plena que era capaz de proporcionar ao bebê. Neste caso, existe uma dificuldade de sair do modelo onipotente da gestação. Em ambos os casos, o que se procura é reafirmar a potência da gestação e valorizar o puerpério, ajudando a gestante a abandonar o primeiro modelo de cuidado onipresente, ou seja, fazer a completa transição para cuidado fora do útero.

Outra questão que atravessa tudo que diz respeito ao humano é a cultura. Não podemos pensar em amamentação como algo “natural”, porque não somos seres simplesmente regidos pelo biológico. Como nos aponta ALMEIDA (1999): “A amamentação, além de ser biologicamente determinada, é socioculturalmente condicionada, tratando-se, portanto, de um ato impregnado de ideologias e determinantes que resultam das condições concretas da vida”. Assim, cada grupo social ira incentivar ou não a lactação em função de questões históricas e sociais. Quando nos vemos frente a dificuldades no aleitamento, temos que nos ocupar com uma anamnese que pesquise fatores culturais e familiares daquela dupla de mãe e bebê. Expectativas, fantasias, ideário familiar (desempenho das outras mulheres da família ou meio social). Algumas mulheres se vêem diante da desconcertante tarefa de superar suas próprias mães que, muitas vezes, fracassaram e tendem a desestimulá-las evitando que se frustrem como elas mesmas.

Devemos ter em mente que tudo o que acontece à dupla mãe/bebê envolve os aspectos da subjetividade e da díade, sua intersubjetividade, o corpo de ambos e o contexto sociocultural e histórico. Falar de amamentação é falar de relacionamento humano e deve ser encarado em suas múltiplas facetas.

Muitas são as questões que atravessam os cuidados com a amamentação e não podemos nos eximir de nossas responsabilidades no apoio efetivo para o bom desempenho dessa importantíssima tarefa.

 

Por: Vera Iaconelli – Psicóloga, Mestre em Psicologia pela USP, Psicanalista pelo Instituto Sedes Sapientiae, Professora do curso de formação em Psicologia Biodinâmica do IBPB

http://www.institutogerar.com.br/index.html

 

Referência bibliográfica

ALMEIDA, João Aprígio Guerra de. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Ed. Fiocruz, Rio de Janeiro, 1999.

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Amamentação sem mistério.

Um competente time de pediatras e especialistas em amamentação apresenta de forma simples e didática as principais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as mais recentes evidências científicas em aleitamento materno.

Enquanto explicam porque amamentar, mostram a importância do apoio, ensinam a pega correta do bebê e apresentam soluções para os problemas mais comuns. No pano de fundo entram em cena casos reais e depoimentos emocionantes de mulheres brasileiras sobre as dores e as delícias da amamentação.

Dividido em sete capítulos temáticos, “Amamentação sem Mistério” (97 min) é uma iniciativa do GAMA – Grupo de Apoio à Maternidade Ativa (www.maternidadeativa.com.br) em parceria com a produtora Boa Hora Filmes (www.boahorafilmes.com.br), com o objetivo informar e ajudar profissionais de saúde, grupos de apoio e mães que amamentam.

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Amamentação: um híbrido natureza-cultura.

Um clássico, vale a pena ler o artigo e comprar o livro!

 

As questões relacionadas à prática da amamentação têm-se configurado objeto de interesse para diferentes atores e grupos sociais ao longo da história. Em todas as épocas, o ser humano foi levado a construir rotas alternativas para responder à demanda das mulheres que, por opção ou imposição, trilharam o caminho do desmame precoce. Desde a secular figura da ama-de-leite até a emblemática vanguarda científica construída pelo marketing dos fabricantes de leites modificados, a alimentação do lactente tem servido a propósitos que não se circunscrevem exclusivamente às questões ligadas à saúde, denotando, em muitas situações, interesses relacionados à modulação de comportamento social e à oportunidade de auferir lucros de toda espécie.

A amamentação, além de biologicamente determinada, é socioculturalmente condicionada, tratando-se, portanto, de um ato impregnado de ideologias e determinantes que resultam das condições concretas de vida. Por intermédio da análise compreensiva, sob a perspectiva do realismo histórico, torna-se possível evidenciar os condicionantes sociais, econômicos, políticos e culturais que a transformaram em um ato regulável pela sociedade2. Dependendo da realidade social a ser considerada, a ambigüidade amamentação/desmame pode traduzir-se como um embate entre saúde e doença, entendendo-se que esses processos se associam em todos os momentos a variáveis econômicas e sociais. A dinâmica dessas relações, no que concerne às questões estruturais, termina por configurar a amamentação como um dos atributos que caracterizam a maternidade como um bem social compartilhado.

Por outro lado, o paradigma de amamentação ora estabelecido é fruto de uma construção do movimento higienista e remonta ao século 19. Como conseqüência, as estratégias de promoção da amamentação comumente praticadas estão impregnadas do reducionismo biológico típico do modelo oitocentista, marcado pela incapacidade de lidar com a ambivalência que se estabelece, para a mulher, entre o querer e o poder amamentar. As ações caracterizam-se pela verticalidade das construções e seguem a ideologia que reduz a prática da amamentação a um atributo natural, comum a todas as espécies de mamíferos, simbolicamente traduzida em slogans do tipo “amamentar é um ato natural, instintivo, biológico e próprio da espécie”. Com esse pano de fundo, as ações propugnadas se orientam, invariavelmente, para informar a mulher sobre as vantagens em ofertar o seio a seu filho e por responsabilizá-la pelos resultados futuros, decorrentes do sucesso ou do fracasso. A lógica de “informar para responsabilizar” procura modular o comportamento da mulher em favor da amamentação, imputando-lhe culpa pelo desmame precoce, que é associado de forma direta a agravos para a saúde de seu filho.

Este modelo assistencial, verticalizado e impositivo, há muito se revela esgotado, incapaz de responder às demandas da mulher em processo de amamentação. A construção de uma nova alternativa passa, necessariamente, pela revisão das bases conceituais que dão sustentação ao paradigma de amamentação que embasa a política pública de saúde e as formulações dos diferentes grupos sociais.

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